Epoc: o que é verdade e o que é modismo?

Fisiologistas explicam o “Excesso de Consumo de Oxigênio Pós-Exercício”, conceito que diz como o nosso corpo “paga” uma dívida de oxigênio contraída durante a atividade

oda vez que temos o início do verão voltam a aparecer certos “modismos” nas academias. Invariavelmente as novas metodologias sempre acenam com resultados rápidos e pouco investimento de tempo. Cria-se a ilusão de que algum novo método pode, como que por mágica, rapidamente resolver problemas estéticos frutos de hábitos inadequados mantidos durante todo o ano.

Uma discussão que sempre acaba sendo resgatada é a do metabolismo aumentado depois do exercício. Propostas mal fundamentadas prometem que determinados exercícios poderiam manter o gasto de energia (metabolismo) elevado por até 36 horas depois de terminada a atividade. Esta teoria está baseada em um conceito da fisiologia do exercício que se tornou conhecido pela sigla Epoc, em inglês Excesso de Consumo de Oxigênio Pós-Exercício.

 O gasto calórico é sempre calculado fisicamente pela quantidade de trabalho realizado (Foto: iStock Getty Images) O gasto calórico é sempre calculado fisicamente pela quantidade de trabalho realizado (Foto: iStock Getty Images)

O gasto calórico é sempre calculado fisicamente pela quantidade de trabalho realizado (Foto: iStock Getty Images)

Este conceito que já abordamos em colunas anteriores explica como o nosso corpo “paga” uma dívida de oxigênio contraída durante uma atividade, quando esta atividade é constituída predominantemente de exercícios anaeróbicos, que são os exercícios de alta intensidade e curta duração.

De fato, quando esta atividade predomina durante uma sessão de exercícios, após o seu término, o nosso consumo de oxigênio (que é a expressão do gasto calórico) vai ficar aumentado até que o metabolismo anaeróbico dispendido seja “pago” com o consumo de oxigênio. O que não procede é a ideia que isto vai proporcionar um resultado de gasto calórico maior ou potencializado.

O gasto calórico é sempre calculado fisicamente pela quantidade de trabalho realizado. Invariavelmente toda atividade que se caracteriza por sustentar e deslocar o nosso peso corporal, situação típica dos exercícios aeróbicos, gasta muito mais energia que os exercícios intensos de curta duração, típico dos exercícios anaeróbicos. A diferença é que no primeiro caso a energia é “paga” durante a atividade e no segundo caso é “paga” principalmente após.

O “pagamento” dessa dívida de oxigênio é saldado em um curto espaço de tempo e nunca vai existir a situação do gasto calórico ser mantido elevado por 36 horas.

Mais uma vez é importante lembrar que não existem fórmulas mágicas! Os modismo vêm e vão, mas são os conceitos básicos da fisiologia do exercício que permanecem.

*As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.

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