Em sua 14ª edição, o ‘Relatório Planeta Vivo’, realizado pela WWF Brasil – organização sem fins lucrativos – revela uma queda média de 69% nas populações de animais selvagens em todo o mundo desde 1970. Várias espécies icônicas da biodiversidade brasileira estão ameaçadas.
De acordo com o estudo, que analisou 32 mil populações de 5.230 espécies de todo o planeta, as regiões tropicais são as mais afetadas pela perda de biodiversidade. Além disso, o boto amazônico destacou-se como uma das espécies que mais diminuíram nas últimas décadas.
Entre 1994 e 2016, na população de botos cor-de-rosa na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas, teve uma queda de 65%.
Estes animais estão sofrendo com a captura não intencional em redes, com ataques em represália pela danificação de equipamentos de pesca e com a captura para o uso como isca na pesca da Piracatinga – prática que está proibida desde junho deste ano.
“Os botos têm grande capacidade de se aproximar e interagir com humanos, o que acaba gerando situações de conflito com a atividade pesqueira que, frequentemente, terminam com a morte de indivíduos da espécie”, explica Mariana Napolitano, gerente de Ciências do WWF-Brasil.
Além disso, ela também ressaltou que os garimpos são uma ameaça. “Como se trata de mamíferos, assim como nós, eles também são particularmente afetados pela poluição do mercúrio despejado nos rios pelo garimpo. Os altos níveis de mercúrio levam ao desenvolvimento de vários problemas de saúde e esta é uma condição compartilhada por botos e populações ribeirinhas”, afirmou.
Somado a isso, Marco Lambertini, Diretor Geral do WWF Internacional, fez um alerta. “Estamos enfrentando uma dupla emergência global provocada pelas ações humanas: a das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade, ameaçando o bem-estar das gerações atuais e futuras”, ressaltou.
Dados
Segundo a nova edição Relatório Planeta Vivo populações monitoradas* de vertebrados – mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes – tiveram uma queda de 69% em média desde 1970. Entre 1970 e 2018, as populações monitoradas na região da América Latina e do Caribe encolheram 94% em média.
No caso das populações de água doce, em menos de uma geração houve uma queda média de 83%, o maior declínio entre os grupos de espécies avaliadas.