Estar com o efetivo preparado para lidar com as situações adversas que envolvem um evento de grande porte como o 57º Festival de Parintins é um compromisso do Governo do Amazonas que, por meio de uma parceria com as agências da Organização das Nações Unidas (ONU), está capacitando os servidores estaduais que atuarão em Parintins (a 369 quilômetros de Manaus) em protocolos de segurança para situações de violência.
A parceria para os treinamentos são uma iniciativa da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) e da Unidade de Gestão Integrada (UGI), para capacitar membros das áreas de saúde, segurança pública, social, infraestrutura, meio ambiente, educação, desenvolvimento econômico, turismo e cultura.
Jussara Pedrosa, titular da Sejusc, frisa que é importante o alinhamento das informações para que qualquer servidor solicitado saiba dar direcionamentos e como proceder. Os treinamentos iniciaram nesta segunda-feira (03/06).
“Ano passado nós trabalhamos com o Unicef no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes, no período do festival, e esse ano nós estamos com o UNFPA no combate às violações contra as mulheres, na aplicação do Protocolo Não é Não, da Lei Federal 14.786, que passa a ser obrigatória no dia 25 de junho”, observa a secretária.
“Nós estamos trabalhando com todos os órgãos do estado, capacitando as equipes para que possam aplicar o protocolo. Isso é de suma importância para que a gente possa resguardar nossa população, assegurar que não ocorram violações de direitos”, emendou Jussara Pedrosa.
As capacitações são realizadas pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com foco no combate às violências de gênero e contra crianças e adolescentes, em suas diversas formas.
O 3º sargento Jhonathan, que atua na Ronda Maria da Penha há oito meses em Manaus, estará no efetivo de Parintins, reforçando os trabalhos já realizados pela Polícia Militar do município. Ele diz que no pouco tempo de atuação na área atendeu situações que nunca tinha vivido antes e que o treinamento do Protocolo “Não é Não” serviu para aprender ainda mais.
“Essa capacitação tem sido de extrema importância tanto para que possa acontecer esse atendimento especializado e que também na extensão, após o festival, para que o atendimento seja sempre humanizado e especializado, para que a gente possa trazer mais segurança para essas vítimas de violência de gênero”, destacou o policial.
A tenente Patrícia Mota, que atua no Corpo de Bombeiros e também na área da saúde, como farmacêutica, deu seu relato durante a capacitação reconhecendo que agiu de forma intuitiva em uma situação de violência sexual, mas agora vai repassar o conhecimento com seus pares.
“Primeiro tratei o que ela precisava, que era com relação ao suporte à saúde dela e informei a ela que ela poderia descansar e que ela não teria muito tempo ainda para poder decidir e fazer a denúncia, mas que se fosse da escolha dela, ela poderia não ir. Foi uma abordagem meio intuitiva e aqui eu descobri que foi uma abordagem correta”, recordou a profissional.
“Uma das coisas que eu aprendi aqui é que nós devemos nos direcionar às pessoas como sobreviventes, para que a gente possa tratá-las com maior empatia e empoderando essas pessoas que são vítimas de algum tipo de agressão. A gente precisa respeitar, dar autonomia a ela quando se tratar de um adulto, e quando se tratar de uma criança, solicitar o apoio das autoridades”, emendou a tenente.
Os treinamentos seguem até quarta-feira (04/06), durante todo o dia, com temas voltados à exploração sexual infanto juvenil, trabalho infantil, acolhimento de vítimas de violências, escuta qualificada, Protocolo Não é Não, dentre outros.
FOTO: Lincoln Ferreira/Sejusc