A França se prepara para uma semana de tensão social, com expectativa de greve na terça-feira, 18, em especial no setor de transportes, em meio à pressão da população por aumento salarial. A crise intensificada pela paralisação nas refinarias que provocou a falta de combustível em diversas partes do país.
Convocados por quatro sindicatos, os franceses foram chamados à Assembleia Geral, que servirá como indicador da margem de manobra do presidente Emmanuel Macron para aprovar seu decreto para 2023 e a polêmica proposta de reforma da previdência.
“Uma semana de fogo para o governo”, diz o jornal ‘Le Monde’ desta segunda-feira, 17.
Pela manhã, o ministro da Economia, Bruno Le Maire, aumentou o tom, assegurando que “acabou o tempo de negociação” no setor das refinarias. Trabalhadores da Esso-ExxonMobil e da TotalEnergies iniciaram uma greve no fim de setembro para exigir aumento salarial, em um contexto de inflação (6,2% em setembro, segundo índice harmonizado europeu) e “superlucros” da gigante energética setor.
Embora os primeiros tenham suspendido sua ação após um acordo com a empresa americana, os colaboradores da TotalEnergies retomaram sua greve nesta segunda. O movimento afeta quatro refinarias e cinco depósitos.
Os grevistas consideram insuficiente o aumento salarial de 7% em 2023, acompanhado de 3 mil a 6 mil euros, cerca de R$ 15,4 mil e R$ 30,8 mil, de bônus que a empresa francesa e os sindicatos CFDT e CFE-CGC (representação de 56%) decidiram na sexta-feira, 14.
“É preciso liberar os depósitos de combustível, as refinarias que estão bloqueadas”, afirmou Le Maire à rede BFMTV.
Pouco depois, o governo anunciou a requisição de pessoal de um segundo depósito da TotalEnergies para aliviar a escassez. O Executivo está sob pressão. Com quase um terço dos postos de gasolina afetados, a escassez causa problemas para chegar ao trabalho, preocupações com a colheita nas áreas rurais e cancelamentos antes do período de férias de outono.
Embora as reivindicações sejam setoriais, seu eco ressoa na França. No domingo, 16, 140 mil pessoas, de acordo com a organização, e 30 mil, segundo a polícia, participaram de uma manifestação “contra a vida cara”, convocada pela oposição de esquerda.
“Teremos uma semana como não vemos com frequência”, disse o líder do partido de esquerda radical França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, que considera a manifestação um prelúdio da greve geral convocada para amanhã por quatro sindicatos, incluindo a CGT.
O vice-ministro dos Transportes, Clément Beaune, adiantou na rádio France Inter que a greve poderá provocar o cancelamento de metade dos trens em algumas regiões. A empresa de transporte SNCF deve fornecer suas estimativas durante a tarde.
Paralisação nas refinarias do país tem provocado falta de combustível nos postos e, consequentemente, elevado preços nos país