Moradores temem perder os bens que já conseguiram conquistar no local ao longo de cinco anos, tempo em que a invasão está instalada na área. Governo montou centro de triagem no CMPM VI para garantir o direito à moradia
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JAN NOGUEIRA 02/03/2020 ÀS 07:00
Um grupo formado por cerca de 50 pessoas protesta contra a reintegração de posse realizada nesta segunda-feira (2) na invasão Monte Horebe, Zona Norte de Manaus. Eles decidiram resistir às negociações com o governo do Amazonas, que ofereceu um centro de triagem para garantir o direito a moradia de mais de mil famílias que ocupam a área irregular na periferia da capital. Triagem acontece no Colégio Militar da Polícia Militar (CMPM VI), situado no Conjunto Viver Melhor, às margens da comunidade que nasceu de uma invasão em 2015.
Segundo uma moradora, que não quis de identificar, parte da família dela, juntamente com outros ocupantes, temem perder os bens que já conseguiram conquistar no local ao longo de cinco anos, tempo em que a invasão está instalada na área. A operação conta com efetivo de mais de 800 servidores, entre policiais e equipes de assistência social.
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Segundo informações do Governo do Amazonas, a ordem para a reintegração está à espera apenas da conclusão do preparo dos policiais militares, além dos órgãos de assistência social, que conduzirão os desabrigados ao Colégio Militar da área, a fim de proceder com a coleta de dados, de forma minuciosa, para que as famílias tenham o devido amparo.
Uma coletiva a respeito da ação será concedida, ainda hoje, por volta de 12h.
Atendimento social
As famílias removidas serão encaminhadas para o Colégio Militar da Polícia Militar VI, localizado na rua Rio Piorini, no residencial Viver Melhor. Elas passarão por triagem pelas equipes do Governo, para que seja dado encaminhamento adequado a cada caso.
O atendimento social será realizado por 180 servidores, sob a coordenação da Seas, Sejusc, UGPE, Suhab e Defensoria Pública. Além disso, haverá apoio de servidores do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Secretaria de Cidades e Territórios (Sect), Secretaria de Meio Ambiente (Sema), Ipaam e Secretarias de Cultura e Economia Criativa e de Educação.
Terão direito a soluções de moradia as pessoas que comprovarem que residiam na ocupação e que não têm para onde ir. As informações do levantamento social serão analisadas pela Suhab, órgão responsável por definir as soluções de moradia mais adequadas.
Após o trabalho de triagem e análise de informações sociais, as famílias a serem beneficiadas com soluções de moradia formalizarão um termo junto ao Governo do Amazonas, com anuência da Defensoria Pública. Nos casos de famílias provenientes de outros países, como a Venezuela, as pessoas serão encaminhadas ao projeto Acolhida, do Governo Federal.