O funcionário humanitário brasileiro, Saviano Abreu, esteve esta semana em Kherson, cidade portuária ucraniana que recentemente deixou de ser controlada por forças russas.
Como porta-voz do Escritório da ONU para os Assuntos Humanitários (Ocha), ele fez parte de um grupo chefiado pela coordenadora residente da organização na Ucrânia, Denise Brown. A visita ao local foi feita na sequência da entrada de tropas ucranianas na área urbana que esteve ocupada por quase oito meses.
Ocupação
De Kyiv, Abreu descreveu à ONU News o primeiro contato dos residentes com a comunidade humanitária desde que a Rússia tomou o controle da cidade em março.
“A cidade está há mais de duas semanas sem luz, sem energia elétrica. Por causa da falta de energia elétrica, as bombas que levam água potável para as casas das pessoas também pararam de funcionar. Então, as pessoas ali estão há mais de duas semanas sem eletricidade, sem poder aquecer as casas delas. O sistema de gás ainda não está funcionando. Tem danos. Estão sem água potável. Uma das pessoas com quem eu conversei, um rapaz, dizia que ‘água para a gente é vida’. Ele falava que eles estavam há duas semanas sem ter água. Esse é um dos problemas que eles estão enfrentando agora”.
Há pouco mais de um mês, as tropas russas destacaram que a região era uma das que apoiava a anexação pelo país. Para a comunidade local, o Ocha considera urgente a chegada rápida de ajuda, especialmente quando se aproxima a etapa mais crítica do inverno.
Na chegada à cidade do sul, a equipe da entregou suprimentos para milhares de civis que carecem de auxílio básico.
A chefe do grupo destacou o trauma das pessoas após meses de bombardeios constantes, fuga de suas casas e morte de familiares, ressaltando que “as pessoas precisam de apoio urgente e o mundo deve agir rapidamente para ajudar”.
Medicamentos
Os mercados estão ficando sem comida e as unidades de saúde carecem de remédios. A ONU levou água, kits de higiene, materiais de abrigo e utensílios domésticos essenciais, incluindo roupas de cama, cobertores térmicos e lâmpadas solares para mais de 6 mil residentes em Kherson.
Um posto de saúde da cidade também receberá medicamentos para tratar mais de mil pacientes no próximo mês.
Em nota separada, Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos na Ucrânia declarou que tanto a Rússia quanto a Ucrânia torturaram prisioneiros de guerra no país.
A equipe baseada em território ucraniano entrevistou mais de 100 prisioneiros de guerra de cada lado do conflito.
Os relatos dos ucranianos foram ouvidos após sua libertação, depois da recusa da Rússia em dar acesso aos locais de detenção. O país nega ter torturado ou realizado outras formas de maus-tratos a prisioneiros de guerra.
Com informações da ONU**