Histórias de conquista pela inclusão no ambiente escolar marcam Dia Nacional da Educação de Surdos
Tradutores intérpretes e estudante compartilham experiências na busca por igualdade e acessibilidade
Nesta sexta-feira (23/04), é celebrado o Dia Nacional de Educação de Surdos, data criada como forma de representar a luta da comunidade surda pelo direito de ensinar e de aprender. Na rede estadual de ensino do Amazonas, há 364 estudantes surdos, em escolas inclusivas e especiais. Entre eles, a jovem Ludmilla Reis, que conta sua trajetória de superação e inclusão no ambiente escolar.
Aluna da Escola Estadual Senador Manoel Severiano Nunes, Ludmilla, de 19 anos, descobriu a surdez com apenas um ano de vida. Desde então, sua comunicação passou a ser desenvolvida por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Durante a pandemia, a estudante passou a acompanhar as aulas por meio do programa “Aula em Casa”, que realiza a tradução de todos os seus conteúdos para a comunidade surda.
“Em casa, eu estou conseguindo ter esse desenvolvimento. É um desafio, eu confesso, temos algumas dificuldades. Às vezes, por exemplo, eu não compreendo a aula de um determinado professor, mas o intérprete me ajuda a sanar essas dúvidas diretamente com ele, e eu tenho essa maior rentabilidade, com o meu esforço próprio de estudar e sempre preocupada com o meu futuro profissional”, destacou Ludmilla.
O desafio dos estudantes é compartilhado com os intérpretes, que precisam adaptar seus materiais para proporcionar uma educação inclusiva. Atualmente, 139 profissionais da rede estadual atuam na educação de alunos surdos. Destes, 11 se dedicam à tradução dos conteúdos do “Aula em Casa”.
“Eu me sinto muito feliz de estar aqui com o projeto ‘Aula em Casa’, levando acessibilidade aos alunos surdos, até porque eles também têm direito à informação, eles estão amparados pela lei e eu penso que a acessibilidade é muito importante”, destacou Jorge Luiz, tradutor intérprete do programa há dois anos.
Importância do intérprete – Segundo dados do Censo do IBGE de 2010, no Brasil, cerca de 2,1 milhões de pessoas escutavam muito pouco ou nada, o equivalente à população de Manaus. Com milhões de brasileiros precisando de acesso à informação e inclusão nas mais variadas esferas, os intérpretes passaram a ter um papel fundamental para o desenvolvimento pessoal da comunidade surda, conforme explica a tradutora intérprete de Libras da Universidade do estado do Amazonas (UEA) e da Secretaria Estadual de Educação, Socorro Iris de Souza.
“É muito emocionante sentir o que o intérprete pode fazer pelo outro, colocar-se na situação do outro. Porque você vai para um ambiente que você não sabe o que está se passando, mas o surdo pode contar com o intérprete. Em sala de aula, acontece muito isso. Você dar voz para o que ele está expressando, isso é muito importante”, afirmou a intérprete.
Lei de Libras – Em 2002, a Lei nº 10.436 deu à Libras o status de meio legal de comunicação e expressão. Trata-se da principal forma de comunicação para boa parte dos cidadãos surdos. Desde então, escolas, faculdades, instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir intérpretes para atender a este público. A lei foi instituída em 24 de abril e, por isso, transformou-se no Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais.