O homem identificado como Paulo José Arronenzi, foi condenado a 45 anos de prisão pelo assassinato de sua ex- mulher, a juíza Viviane Vieira do Amaral. A magistrada foi morta a facadas e na frente das filhas.
O homem cometeu o crime quando ela levava as três crianças para passar o Natal de 2020 com o pai na Barra da Tijuca, na zona Oeste do RJ. O acusado esfaqueou a mulher 16 vezes e, logo em seguida, foi preso em flagrante por guardas municipais.
A pena de 45 anos, que representa a condenação por homicídio quintuplamente qualificado, atendeu ao pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), que seguiu a tese de que assassinato teve como razão o “inconformismo do acusado com o término do relacionamento, especialmente pelas consequências financeiras do fim do casamento na vida do engenheiro”.
A setença do suspeito, foi anunciada às 4h pelo juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, presidente do julgamento.
Viviane Vieira do Amaral, assassinada aos 45 anos de idade, fez parte da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro por 15 anos e atuava na 24ª Vara Cível da Capital. Alguns juízes que conviveram com ela, amigos e parentes dela acompanham o julgamento.
Segundo informações da polícia , o homem cometeu feminicídio — a vítima foi morta simplesmente pelo fato de ser mulher. Também colaborou para os 45 anos de cadeia o fato de o crime ter ocorrido na presença de três crianças e o motivo torpe, porque a razão para o assassinato também foi o incoformismo com o fim do casamento.
Também complicou a situação do assassino a dificuldade de a vítima se defender, já que ela foi atacada de surpresa quando descia do carro e quando caminhava com as filhas até o ex-marido. Para completar, houve meio cruel usado pelo engenheiro, pois as 16 facadas no corpo e no rosto provocaram sofrimento intenso à vítima.
Paulo José Arronenzi já estava preso, devido à preventiva, há um ano e 11 meses. Por isso, o juiz ordenou o cumprimento de 43 anos de reclusão.
Os advogados que defenderam o engenheiro seguiram a linha de perturbação da saúde mental dele, inclusive argumentaram que Arronezi era parcialmente incapaz de entender o caráter ilícito do crime.
Testemunhas
A primeira testemunha a falar pela acusação foi a mãe de Viviane, Sara Vieira do Amaral, que lembrou que a família não era tão acolhida na casa da filha.
“Paulo sempre estava muito nervoso, estressado. As crianças não ficavam à vontade nem de fazer chamada de vídeo comigo. Minha filha era muito alegre e foi ficando cada vez mais introspectiva”, explicou.
O irmão da vítima, Vinicius Vieira do Amaral, foi o segundo a depor e explicou que a irmã abriu mão da escolta armada em dezembro.
“Ele queria compensações financeiras. Minha irmã deu R$ 640 mil para ele. Em troca, ele deu a morte pra ela. Todas as vezes que penso nela, lembro da cena de terror do dia do crime. Tenho dificuldade de manusear facas. Ele começou a matá-la muito antes do crime e até hoje ele segue matando toda a minha família”, afirmou.
O motorista de aplicativo, Márcio Júlio Romeu, que passava pelo local do crime na hora do fato, relatou o que viu. Além dos três, mais duas testemunhas de acusação foram ouvidas: Roberta Borges de Azeredo, melhor amiga da vítima; e Lara Bastos Pinto, testemunha que estava perto do local do crime e filmou parte do ataque.
Entre as testemunhas de defesa, estiveram a irmã do condenado, Rosane Arronenzi irmã do réu;, e o guarda municipal Josemar Oliveira de Souza, que chegou ao local logo depois do crime;. Também falaram Viviane Nieto Blanco, colega de trabalho, e o médico psiquiatra Hewdy Lobo Ribeiro.