Memorial reúne acervo com história de vereadores que saíram direto da CMM para o Senado

A história de ex-vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM) como Fábio Lucena, Jefferson Peres e Plínio Valério, que saíram do legislativo municipal direto para o Senado Federal faz parte do acervo de pouco mais de 100 anos do poder legislativo municipal, que encontra-se bem catalogada e bem guardada no Memorial Carlos Zamith. O acervo foi construindo com base em um amplo trabalho de pesquisa dos fatos históricos, catalogação de fotos, documentos, áudios e vídeos.

Materiais como, esse que reúne a história dos três ícones da política amazonense, já estão em fase adiantada de digitalização e estarão à disposição do público até o fim de 2020. O material poderá ser acessado por meio das redes sociais da CMM, como informa o presidente da CMM, Joelson Silva (Patriota).

“Esse é um trabalho de resgate da história da nossa Câmara, do parlamento municipal, da construção de toda a legislação que regeu e ainda rege as nossas vidas”, destaca o parlamentar.

Dono da célebre frase “quem caminha com o povo, nunca estará sozinho”, Jefferson Peres foi um homem de opiniões fortes, contundentes, de fala mansa e equilibrada. O salto do político amazonense, da Câmara de Manaus para o Senado, ocorreu em 1995, após ele ter conquistado o respeito dos eleitores e dos colegas vereadores, inclusive, de adversários.
Jefferson era aquilo que se espera de um parlamentar, e conjugava verdade com moderação, como mostram os registros encontrados no Memorial.

Formado em Direito, pela então Universidade do Amazonas (UA), e em Administração, pela Fundação Getúlio Vargas, o parlamentar deu aulas de Economia, antes de entrar para o mundo da política. Participou, na década de 1950, da campanha “O petróleo é nosso”, e em 1988, foi eleito para o primeiro cargo público, como vereador em Manaus. Em seguida foi reeleito e cumpriu o segundo mandato até 1995, quando assumiu a cadeira no Senado.
Jefferson Peres já havia anunciado que, após encerrar a missão em Brasília, em 2010, abandonaria a vida política, porém, morreu dois anos antes, vítima de uma parada cardíaca.

Homem corajoso
Fábio Lucena atuou como bancário e jornalista e, a partir desta última profissão, entrou na política ao se eleger vereador de Manaus pelo MDB, em 1972 e 1976. No mesmo período, foi processado por fazer críticas rigorosas ao prefeito da época, Franklin Lima, e ao governador amazonense, João Andrade.

A tentativa de entrar para o Senado ocorreu por duas vezes. Na primeira, em 1978, Lucena foi derrotado pelo vice-governador, João Bosco Ramos de Lima (Arena). Quatro anos depois, foi eleito pelo PMDB. Foi reeleito em 1986, mas renunciou ao mandato. Morreu no ano seguinte, aos 46 anos.

Bandeira de luta
Defensor da recuperação da rodovia BR-319 e da Zona Franca de Manaus, como principal política econômica para a preservação da floresta no Amazonas, o ex-vereador e atual senador Plínio Valério, foi outro político amazonense que saiu direto do parlamento municipal para o cenário federal. O fato foi registrado em 2012.

Um ano depois, Plínio teve uma passagem de oito meses pela Câmara Federal como suplente, e foi eleito novamente vereador nas eleições municipais de 2016. Em 2018, venceu o pleito como um dos senadores do Amazonas, na primeira vaga, com 834.809 votos, concorrendo pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

Plinio é jornalista e radialista, formado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Amazonense de Eirunepé, entrou na vida pública quando assumiu uma vaga de vereador em 2001, mandato exercido até 2004.

Retornou à Câmara de Manaus em 2013, onde permaneceu até 2016. Reeleito em 2017, exerceu o mandato até 2018, quando foi eleito senador.

Acervo preservado
Até o momento, o Memorial Carlos Zamith reúne aproximadamente 20 mil fotos, 80 vídeos editados e digitalizados, com fotos e cenas que contam a história da Câmara desde a primeira até a 17ª Legislatura. As fitas de VHS ainda estão em processo de transformação para o digital.

No acervo, ainda poderão ser encontradas diversas histórias de ex-presidentes da CMM, que deram nome a praças e museus da cidade de Manaus. Em breve, o público também poderá fazer uma viagem pelo funcionamento da antiga sede (na Sete de Setembro), visualizar os móveis utilizados à época, as medalhas concedidas a autoridades, além de um panorama completo do patrimônio histórico, com prioridade para as ruas e o Centro Histórico da capital amazonense.
“Todo o acervo coletado vai para o arquivo central da Câmara, onde passa por um tratamento antes de ser disponibilizado para consulta. Nesse arquivo já temos livros de atas que foram escritos à mão, documentos, projetos de lei, partes da nossa história que estavam no porão da antiga sede. Muitas fitas de vídeo e áudio que estavam quase perdidas, foram resgatadas e restauradas”, comemora Joelson.

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