Polícia Federal prende ‘sheik das criptomoedas’, acusado de chefiar esquema de R$ 4 bilhões

A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira (3), em Curitiba, o empresário Francisley Valdevino da Silva, conhecido como ‘sheik das criptomoedas’ (ou ‘sheik dos bitcoins’), suspeito de chefiar um esquema fraudulento envolvendo criptoativos que teria desviado R$ 4 bilhões de vítimas no Brasil e no exterior.

Entre as pessoas afetadas está a modelo Sasha Meneghel, filha da apresentadora Xuxa, e o marido dela, João Figueiredo. Eles alocaram R$ 1,2 milhão no negócio.

Dono de pelo 100 empresas no país e com pelo menos R$ 100 milhões em condenações na Justiça, Francisley é investigado desde 2016. No começo de outubro, foi alvo de operação da PF para cumprimento de 20 mandados de busca e apreensão.

A PF havia pedido sua prisão preventiva duas vezes, mas eles foram negados pela Justiça Federal, sob a alegação de que o acusado não representava ‘risco à vida e integridade física de testemunhas’. De acordo com as autoridades, no entanto, após a última operação da PF, Francisley passou a se encontrar com seus funcionários em sua residência em Curitiba, uma delas a gerente financeira de grupo.

Para a Polícia Federal, o comportamento descumpriu as medidas cautelares que já haviam sido impostas pela Justiça e, acima de tudo, demonstrou que a organização criminosa continuava ativa e ‘promovendo atos criminosos’, atos considerados pela 23ª Vara Federal de Curitiba como suficientes para expedir o decreto de prisão.

Um desses, encontros, diz a polícia, foi com um designer gráfico responsável por desenvolver plataformas online fraudulentas, criadas com o objetivo de enganar clientes que investiram em um dos vários negócios do ‘sheik’, além de comercializar sistemas para terceiros interessados na prática de crimes semelhantes.

‘Por conta disso, considerando a atualidade e periculosidade das ações do investigado, o qual, mesmo solto, continuou a criar e gerir plataformas virtuais usadas para promoção de esquemas de pirâmides financeiras, a prisão preventiva foi decretada pela Justiça Federal também para garantia da ordem pública e econômica, buscando-se, assim, o fim da atividade delitiva’, disse a Polícia Federal em comunicado.

A reportagem contatou a defesa de Francisley, mas não recebeu comentários até a publicação desta matéria.

FALÊNCIA – A prisão de Francisley ocorre uma semana depois da decretação de falência de uma das suas empresas, a Rental Coins. Na decisão, a juíza Luciane Pereira Ramos, da 2ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de Curitiba, menciona a ‘vida nababesca’ de Francisley, “vivendo em meio ao luxo oriundo, provavelmente, de suas atividades irregulares”.

Segundo o advogado Alceu Eilert Nascimento, que acompanha o caso, no entanto, é improvável que a medida gere resultados efetivos para ressarcimento dos clientes, visto que a empresa sempre foi opaca, e não se sabe exatamente quais bens poderão ser obtidos pelo administrador da massa falida.

Além disso, disse Nascimento, um dos resultados da falência deverá ser o acesso a criptomoedas da empresa que representariam sua dívida junto aos investidores. Esses ativos digitais, porém, só tinham valor dentro do ecossistema da Rental Coins e não valem nada no mercado.

Com informações Infomoney



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