A Polícia Civil do Amazonas deflagrou, nesta segunda-feira (17/08), operação para prender membros de uma organização criminosa pela participação no duplo homicídio de policiais militares da Companhia de Operações Especiais (COE), ocorrido no dia 3 de agosto, enquanto realizavam missão no rio Abacaxis. Os mandados de prisão preventiva, expedidos pela Justiça do Amazonas, foram cumpridos nas primeiras horas da manhã.
Entre os presos estão três irmãs de Valdelice Dias da Silva, o “Bacurau”, identificado nas investigações como o líder de uma organização criminosa local que pratica crimes como tráfico de drogas, homicídio, ameaça e crimes ambientais. Todas já tinham sido presas por tráfico de drogas.
O outro preso é o presidente da Associação Nova Esperança do Rio Abacaxis (Anera), que comandava abordagem armada às embarcações locais e, no dia do duplo homicídio, repassou informações sobre os policiais para Bacurau.
Segundo o delegado Cícero Túlio, que coordena as investigações sobre os crimes na região, testemunhas relataram a atividade criminosa exercida no local pelos integrantes do grupo. Além do cultivo de entorpecente, eles andavam ostensivamente armados e saqueavam embarcações.
A Advocacia-Geral da União já havia se manifestado considerando ser ilegal a prática das fiscalizações clandestinas realizadas pela associação, apontando inclusive a presença ilícita de pessoas armadas.
“O presidente da Anera figura como uma liderança comunitária responsável por fiscalizações ilegais a embarcações que navegam no rio Abacaxis. Durante as investigações, foi possível constatar que possuía vínculo com o Bacurau, que era quem fazia as abordagens com armas aos que adentravam na região, culminando com saques a essas embarcações”, disse.
Segundo as investigações, no dia do duplo homicídio dos PMs e da dupla tentativa de homicídio, o presidente da Anera repassou informações sobre os policiais para os autores da emboscada.
“No dia em que houve a morte dos policiais do COE, a embarcação em que os policiais estava foi inicialmente abordada pelo presidente da Associação, o qual, consoante relatado em depoimentos, repassou a informação de que policiais estavam na região para o Bacurau, o qual realizou a emboscada”, disse Cícero Túlio.
Um mês antes da operação, o bando de Bacurau assassinou com 16 facadas o filho de um cacique Maraguá. A região reivindicada pelos povos indígenas vinha sendo invadida pelos criminosos, que ameaçavam moradores locais e viam a livre circulação no rio como uma ameaça ao tráfico de drogas.
Além das prisões realizadas hoje, o trabalho das polícias em Nova Olinda do Norte resultou na prisão, em flagrante, de outros 11 infratores, na apreensão de 13 armas de fogo, além da localização de quatro plantações de maconha.