Que pena, Mano

Porto Alegre


Poucos treinadores têm a competência tática de Mano Menezes em tempos recentes do futebol brasileiro. Vi de perto o milagre que fez em 2004 levando o 15 de Campo Bom às semifinais da Copa do Brasil. A retomada do Grêmio à Primeira Divisão teve a condução do treinador, que começava a fazer grande trabalho no Caxias e aceitou o desafio três dias antes do começo da Série B em 2005. O vice da Libertadores de 2007 o levou ao Corinthians no ano seguinte com a missão de outra vez devolver um gigante ao seu lugar, a Série A do Brasileirão. Em 2009, o Corinthians de Mano Menezes evitou a festa do Inter em seu centenário. A Copa do Brasil teve a marca de Mano na marcação forte e na transição velocíssima ao ataque, onde havia Ronaldo Nazário. https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

Tanto sucesso fez a CBF chamá-lo para a seleção brasileira. Foi medalha de prata em Olimpíada e formatava um time competitivo para a Copa do Mundo de 2014 quando, equivocadamente, foi demitido para a volta de Luiz Felipe Scolari. Sua competência inequívoca não foi arranhada pela injustiça sofrida nem pela passagem ruim no Flamengo, de onde saiu dizendo que os jogadores não o entendiam. Ficou péssimo para o treinador, já que bastou sua saída para o Flamengo ser campeão da Copa do Brasil com os mesmos jogadores que supostamente não compreendiam o que Mano queria. Finalmente, o sucesso como bicampeão da Copa do Brasil no Cruzeiro parecia cristalizar Mano Menezes na primeira página dos técnicos brasileiros. 

Mano Menezes em Fluminense x Bahia pela 15ª rodada do Brasileirão 2020 — Foto: André Durão

Mano Menezes em Fluminense x Bahia pela 15ª rodada do Brasileirão 2020 — Foto: André Durão 

Em paralelo a esta trajetória, Mano nunca corrigiu um defeito grave do qual, aliás, parece se orgulhar. Ele passou a carreira inteira apitando o juiz à beira do campo. Talvez acredite que sua pressão e sua gritaria na área técnica de fato influenciam o árbitro. Não acontece, nunca aconteceu, nunca deu certo. Mano nunca deu certo porque imagina ter poderes sobre o apitador. Seu sucesso sempre se deveu à sua competência para formatar times competitivos. São coisas paralelas, mas a mania pequena de reclamar ininterruptamente do juiz jamais somou, só diminuiu seu trabalho. 

Então, ontem, veio a cereja azeda do bolo. Mano Menezes chamou o árbitro de Fluminense x Bahia de vagabundo. Os microfones da transmissão de TV captaram este triste sobe som. Entendeu que não houve o pênalti que rendeu derrota para seu time e soltou: vagabundo. Deprimente tanto quanto sua falta de educação ao não cumprimentar Odair Hellmann após o jogo. 

A mão estendida por nada não foi vergonha para o treinador do Fluminense, só aumentou a vergonha por que passava Mano Menezes em seu comportamento amador. Não era futebol da colônia, não se jogava por um leitão e um barril de chope. É futebol profissional, há ética, regras a seguir, exige-se cuidado com as palavras e responsabilidade com as frases. A acusação de “ser roubado” foi leviana, a recusa ao cumprimento de Odair, mal-educada. O Bahia deve ou deveria representar um novo ciclo para o treinador com alguma revisão de seus métodos e atitudes. Não está sendo assim. 

Que pena, Mano. 

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