Em um relatório divulgado nesta quarta-feira (21), Marcos Orellana, relator especial de agrotóxicos e direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), pediu o banimento imediato da comercialização e uso de mercúrio em atividades de pequeno porte de mineração de ouro. Ele afirma que o objetivo da decisão é proteger o meio ambiente e as pessoas.
De acordo com o especialista, na maior parte do mundo, onde o substância ainda é usada, os direitos humanos dos trabalhadores – mineiros – e de suas famílias, que são assegurados em lei, acabam sendo violados, já que essas pessoas vivem em situação de pobreza. Além disso, ele também alertou que nesses locais, o risco de contaminação é frequente e crescente.
No documento, Orellana relatou que os povos indígenas são os mais afetados pelo uso do mercúrio nessas atividades, já que sofrem com a destruição e poluição de seus territórios. Outras questões levantadas foram o desmatamento, perda da biodiversidade e a contaminação de alimentos.
Um ambiente contaminado pela substância pode levar de décadas a mais de 100 anos para se recuperar. Segundo o relator da ONU, o uso da substância em atividades de mineração é a fonte mais importante de poluição global.
Além disso, ele também fez críticas ao comércio de luxo, que é responsável por gerar uma demanda insaciável por ouro, pelos mercados financeiros e de jóias. Assim, para manter o ritmo de vendas, as refinarias compram o ouro sem os protocolos adequados para identificar abusos de direitos humanos.
Escravidão, exploração sexual e contaminação
O relatório também indicou que nessa realidade, as crianças são as mais afetadas pelo trabalho de alto risco nas minas e sofrem com exploração sexual, além de terem uma vida análoga à escravidão. Somado a isso, uma mãe contaminada também pode intoxicar o feto através da placenta, o que leva à sérias consequências.
O mercúrio é um metal líquido altamente tóxico que acumula níveis perigosos na cadeia alimentar, e o consumo alimentos contaminados por ele – como peixe – pode causar desordens neurológicas e de comportamento.
Com informações da ONU**