Saúde mental de crianças e adolescentes preocupa no “pós-pandemia”

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No início da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), em 2020, muito se comentou sobre o reflexo que as mudanças impostas, principalmente relacionadas ao distanciamento social, causariam na saúde mental de crianças e adolescentes. No entanto, o período recluso e com excesso de telas vem mostrando consequências que têm deixado pais e profissionais da saúde em alerta.

Um levantamento realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Viração Educomunicação, organização da sociedade civil, mostra que metade dos adolescentes sentiu necessidade de pedir ajuda em relação à saúde mental, mas 40% deles não recorreu a ninguém.

Já uma pesquisa recente da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e do Instituto Ayrton Senna, mostrou que dois em cada três estudantes do 5º ano do ensino fundamental até o 3º do ensino médio da rede estadual paulista manifestam sintomas de depressão e ansiedade.

“Estávamos preocupados com o efeito que o isolamento causaria nas crianças e nos adolescentes, mas com o passar do tempo, vimos que o retorno à vida social poderia ser ainda mais complicado, já que a utilização das telas tanto para estudar quanto para socializar se tornou um problema para o desenvolvimento”, explica a psiquiatra credenciada Omint, Dra. Yara Azevedo.

Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) feita em 2020 mostrou que o isolamento social causou piora na saúde física e mental dos jovens e que isso se deve, em grande parte, ao excesso de utilização de tecnologias digitais, como computador, televisão e celular, que passou de 17,39%, antes da pandemia, para 59,4%.

“O longo confinamento manteve as crianças sob vários estressores e por muito tempo. Elas também tiveram medo de infecção e deixaram de ser poupadas sobre assuntos relacionados a doença e morte. Foram privadas de um tempo importante de lazer ao ar livre e sofreram com o tédio, e isso trouxe o aumento no uso de telas, que foi um dos piores estressores.”, diz a médica.

Ainda de acordo com a Dra. Yara, os eletrônicos podem ter fins escolares e recreativos, afinal a internet conta com bons conteúdos.

Porém, esse uso somente é saudável quando há supervisão e tempo restrito.

“O excesso de uso de telas, que também chamamos de “intoxicação digital”, está causando múltiplos efeitos danosos. As crianças e adolescentes ficaram tão dependentes desses eletrônicos que, quando foram chamadas à socialização, ao vivo e a cores, muitas não souberam ou não conseguiram se adaptar”, comenta.

Sintomas

Enquanto os adultos comemoravam a volta à normalidade, os mais jovens passaram a desenvolver problemas emocionais que os deixaram mais vulneráveis, pouco empáticos e até agressivos.

Alteração de apetite, mudanças relacionadas ao sono – lembrando que crianças e adolescentes necessitam de mais horas de sono -, desânimo, apatia, dificuldade de concentração e irritabilidade, além de automutilação, são alguns dos sintomas que mostram que está na hora de procurar ajuda profissional, pois quanto antes for diagnosticado o problema, melhores e mais assertivas as chances de tratamento e recuperação.

“É preciso desmistificar a atenção à saúde mental. Todos as pessoas podem precisar de ajuda em algum momento da vida e o apoio da família, da escola e dos amigos próximos pode ser um grande diferencial de incentivo para que a criança ou adolescente entenda a importância de se cuidar e que nem sempre o machucado é visível aos olhos”, conclui Dra. Yara.



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