A diretora geral do Senado, Ilana Trombka, informou que vai custar caro recuperar a estrutura da Casa, assim como itens do mobiliário e obras de arte depredados durante o ataque ocorrido no domingo (8), feito por apoiadores extremistas de Bolsonaro (PL).
Inconformados com os resultados da eleição presidencial do ano passado — e com o novo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva —, os invasores deixaram um prejuízo em torno de R$ 3 a R$ 4 milhões para ser coberto pelo orçamento do Senado, que se abastece de verba gerada por impostos e repassada pelo Tesouro Nacional.
A estimativa foi anunciada no final da tarde de segunda-feira (9), logo após reunião da diretoria geral com as áreas administrativas para a avaliação dos danos ao patrimônio e discussão de medidas a serem adotadas para os reparos.
A diretora explicou que é impossível cravar o prazo para que a restauração seja concluída, mas informou que a direção vai dar prioridade a obras visando à posse dos novos senadores, marcada para o dia 1º de fevereiro.
Alguns dos prejuízos causados ao patrimônio público e histórico pelos atos de vandalismo foram: boa parte das vidraças externas e internas quebradas; exposição de presentes dados por chefes de Estado depredada; alguns itens da exposição despedaçados ou furtados; painel de Athos Bulcão danificado e uma tapeçaria do Burle Marx atingida por urina.
As equipes do setor de conservação do Senado e da Câmara estão fazendo uma avaliação completa. Ainda não é possível ter um levantamento fechado de todos os objetos danificados, o custo e os prazos estimados para a restauração das obras de arte que compõem o acervo artístico e arquitetônico dos dois edifícios do Congresso Nacional.
De acordo com Ilana, algumas dessas obras só poderão ser restauradas pelos próprios artistas que as criaram. Além disso, há itens que não terão como ser recuperados e outros que ainda não foram localizados.
Segundo Ilana, os criminosos ainda tentaram a atear fogo em uma das cortinas da casa, mas não conseguiram.
“As marcas da agressão serão eternas”, lamentou Ismail Carvalho, profissional do Laboratório de Conservação do Senado.
Outros prejuízos
Logo na chegada ao Senado, entrando pelo Salão Negro, todas as vidraças encontram-se quebradas; outras foram pichadas. Os equipamentos que realizam raio x para reforçar a segurança de visitantes, também não escaparam da ação dos vândalos.
Os invasores usaram mangueiras de combate a incêndio e boa parte do piso do Salão Negro e dos carpetes foram molhados e danificados.
No Salão Nobre, onde são realizadas diversas solenidades de cunho cultural, um painel vermelho em madeira com figuras geométricas do artista plástico Athos Bulcão sofreu danos em razão dos estilhaços. Ali também está a tapeçaria do Burle Marx vandalizada.
Outras obras de arte atacadas são os cinco quadros pintados em tinta óleo que enfileiravam a exposição de ex-presidentes da Casa, no Museu do Senado.
Somado a isso, um tinteiro de bronze da época do império também foi destruído.
“Infelizmente, só uma tinta de restauro daquele painel [de Athos Bulcão], um tubo de 20ml, custa quase mil reais. Então o desrespeito com a história brasileira, desrespeito mesmo com o bolso de cada cidadão que vai financiar todas essas atitudes de restauro, é lamentável”, afirmou Carvalho.
Galeria de presentes
Outro local que chamou bastante atenção pela amplitude do rastro de destruição foi a galeria dos presentes. A exposição guardava itens oferecidos por chefes de Estado, representações diplomáticas, assembleias estaduais e câmaras municipais, entre outras instituições.
Peças representativas da diversidade artística, cultural e histórica de várias partes do mundo foram quebradas ou simplesmente desapareceram.
Entre os itens expostos na galeria estavam várias esculturas, porcelanas, medalhas e placas de prata e ouro oferecidas por lideranças de diversos países ao redor do mundo.
Com informações da Agência Senado**