Preços do petróleo desabam neste domingo e têm maior queda diária desde 1991
Por Erika Passos – 8 de março de 2020
Arábia Saudita cortou o valor de venda do barril e indicou o início de uma guerra de preços. Na sexta-feira, Rússia se opôs aos amplos cortes de produção sugeridos pela Opep para estabilizar os preços da commodity.
Os preços dos contratos do petróleo recuavam mais 20% na noite deste domingo (8), na maior queda diária desde 1991, depois que a Arábia Saudita cortou o valor de venda do barril e indicou o início de uma guerra nas cotações.
A decisão da Arábia Saudita vem na esteira do fracasso das negociações entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Rússia sobre o tamanho da produção da commodity.
A Rússia se opôs ao corte de produção sugeridos pela Opep para estabilizar os preços da commodity em meio à epidemia de coronavírus, que desacelera a economia global e afeta a demanda por energia.
Por volta das 22h30 (horário de Brasília), o petróleo do tipo Brent cedia US$ 10,01, ou 22,11%, cotado a US$ 35,26 o barril. Já o WTI recuava US$ 9,20, ou 22,29%, a US$ 32,08 o barril.
Na abertura dos negócios no mercado asiático, o preço do petróleo do tipo Brent chegou a recuar 31%, no maior tombo desde a Guerra do Golfo (1990 e 1991).
Segundo a Reuters, a Arábia Saudita, maior exportadora de petróleo do mundo, planeja aumentar a produção acima de 10 milhões de barris por dia (bpd) em abril, após o atual acordo para restringir a produção entre a Opep e a Rússia – conhecida como OPEP + – expirar no fim de março.
A Arábia Saudita também reduziu o preço oficial de venda do barril para abril entre US$ 6 e US$ 8 dólar o barril.
“O avanço do coronavírus trouxe pânico para o mercado de petróleo”, diz o sócio fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. “O preço do petróleo nesse patamar deve provocar um estrago nas economias. O tamanho desse estrago vai depender por quanto tempo os preços ficarão nesse patamar.”
Impactos no Brasil
Na avaliação de Pires, a queda brusca dos preços do petróleo pode levar o Brasil para dois caminhos: a Petobras pode reduzir o preço da gasolina e do diesel, mas com o risco de inviabilizar o etanol, ou o governo pode aumentar a incidência da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis para preservar a geração de receita da estatal.
Desde a greve dos caminhoneiros, a Cide está zerada para o diesel. Na gasolina, a cobrança é de 10 centavos por litro. “A grande prejudicada com essa queda no preço pode ser a Petrobras. Vamos ver como o governo vai agir”, afirmou Pires.
Neste ano, a queda do preço do petróleo tem levado a Petrobras a reduzir o preço dos combustíveis nas refinarias. A última redução ocorreu no fim de fevereiro. Os preços do diesel foram reduzidos em 5% e os da gasolina em 4%.
Fonte: G1