Nunca saberemos ao certo a quantidade de bichos ferozes que habitam as profundezas do maior rio do mundo. Martin Strel foi o primeiro e único a tentar uma proeza, nadar toda a extensão do rio Amazonas, enfrentando piranhas, cobras, jacarés e o candidru, um peixinho capaz de penetrar ao corpo podendo causar sérios riscos à saúde. Mesmo durante o dia não conseguimos enxergar um palmo sequer ao fundo, agora imagina à noite. As águas são escuras, dificultando a presença de qualquer ataque predatório. Este era o maior medo de Martin, um esloveno corajoso. Martin contou até 5 e ‘’tibôuuu’’ se jogou na água lá no Peru, nadou cerca de 5.430 km, realizou até 30 mil braçadas por dia. Para escapar do perigo Martin nadava sempre pelo meio do rio, pois nas margens, imensos jacarés com olhos arregalados e bem alimentados eu creio, só olhavam ele passar, era como se fosse uma ‘’plateia animal’’. A cada lugar que Martin parava era tratado como herói e muito carinho pelo povo, ouvia muitas histórias que às vezes pensava em desistir. O atleta ficava completamente debilitado no trajeto. Mas seu sonho era maior, passou por pequenas vilas, aldeias e cidades como Manaus, Santarém e finalmente chegou à Belém. No último dia 8 de março de Páscoa completaram-se 15 anos que Martin Strel realizou o seu sonho de nadar na Amazônia. O ano de 2007 ficou marcado com a linda história deste atleta em nossas terras e águas. Somos um povo simples, de cultura singela e humilde, ficamos muito felizes por um ato tão nobre como o de Martin e sabermos que levou ao restante do mundo sua mensagem ‘’Logo no início da viagem, nadei com dois botos cor-de-rosa. Eles pareciam meus amigos, nadaram ao meu lado e eu pensei: ok, então talvez o rio Amazonas esteja me aceitando, eu me tornei parte do rio. Talvez eu seja parte do mundo dos animais e eles não me incomodaram. Eu acho que é assim: se você é uma pessoa boa, um homem bom, se você não faz nada mau contra o rio, o rio te aceita como parte dele e deixa você viver nele’’.
Autor: Cristiano Santa Cruz
