Mesmo com as perdas registradas na economia em meio à pandemia de Covid-19, há um setor que vem conseguindo andar na contramão desse cenário: o de produtos eróticos. Desde o início do isolamento social, esse mercado tem apresentado forte alta. Pesquisa obtida pela CBN mostra que houve um aumento de 50% nas vendas de vibradores no país.
POR NATALIA FURTADO (natalia.furtado@cbn.com.br) e MARIA EDUARDA ALOAN (maria.aloan@cbn.com.br)
A pandemia do novo coronavírus tem afetado não só a saúde dos brasileiros, mas também a economia do país. Mas, para o setor de produtos eróticos, o movimento tem sido contrário: desde que a quarentena começou, esse mercado registra uma forte alta. Uma pesquisa do portal Mercado Erótico obtida pela CBN mostra que houve um aumento de 50% nas vendas de vibradores no país desde março.
“Eu sempre tive a curiosidade, mas nunca tive coragem de comprar talvez, por vergonha, não sei. E nessa quarentena eu ganhei de presente de Dia das Mães de um ‘crush’. Na verdade, ele enviou de presente para mim dois vibradores. Foi uma surpresa muito boa, muito legal”, conta a influenciadora digital Maria Carolina Oliveira.
Ela teve a primeira experiência com vibradores na quarentena, depois de ganhar os itens de presente da pessoa com quem estava se relacionando antes da pandemia. O caso dela não é isolado. Um levantamento do portal Mercado Erótico aponta que as vendas de vibradores subiram 50% desde março. A autora da pesquisa e ex-presidente da Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico, Paula Aguiar, conta que o segmento vendeu 4,12% a mais em relação ao mesmo período do ano passado. Mais de 1 milhão de vibradores, consolos e plugs foram comercializados desde o início do isolamento social, e os lojistas criaram ainda kits de sobrevivência para casais.
“Os lojistas estão trabalhando muito a questão do delivery e o tal do kit de sobrevivência, que é um kit de produtos essenciais para o casal dentro da quarentena. Então, em primeiro lugar, um bullet, que é um vibrador pequeno, potente, versátil, o lubrificante íntimo, em segundo lugar, o gel beijável térmico, géis de massagem e a calcinha tailandesa, que está muito na moda. É uma calcinha diferente que estimula também a região clitorial”, explica Paula.
Segundo a pesquisa, a maioria dos consumidores de vibradores é composta por mulheres de 25 a 35 anos que estão em um relacionamento. Casada há 22 anos, Ericka Arouca já conhecia os acessórios, mas resolveu dar mais atenção a eles no isolamento:
“Eu já consumia antes, mas já estava há bastante tempo sem consumir nada, sem comprar nada, e a quarentena acabou despertando isso. Até por conta de cair na rotina e estar todo dia 24 horas junto com o parceiro, porque tem muito casal já entrando em crise e eu tentei ir no sentido contrário. Falei ‘vamos comprar uns negocinhos diferentes para apimentar a relação’, para tentar sair dessa quarentena mais fortalecida ainda.”
Em um relacionamento há sete anos, Bárbara Alves não tinha o costume de usar os acessórios até o período de quarentena, quando se viu separada do namorado:
“Durante a quarentena, eu senti necessidade porque eu estou há sete anos com uma constância sexual semanal, e de repente se esgotou, assim. Eu estou em isolamento no interior, meu namorado está em São Paulo, a gente não está em isolamento juntos. Por isso que eu decidi comprar, e daí fui experimentando.”
Para a terapeuta de casal e educadora sexual Cristina Werner, o uso dos acessórios é saudável tanto de forma individual quanto como parte do relacionamento:
“Eles podem ter dois papéis principalmente: o papel de substituição, já que, para exercer a sua atividade sexual, você pode exercer sozinho ou sozinha, ou em parceria, mais conhecidamente como dupla, um casal, duas pessoas ou até um sexo mais coletivo. Costumo brincar que sexo é uma brincadeira de gente grande. Então, a gente brinca, o sexo tem um lado que pode ser muito brincalhão. Se tiver comum acordo, a utilização desse acessório é muito bem-vinda.”
Na Dinamarca, a venda de produtos eróticos também dobrou após a quarentena. Já nos Estados Unidos, uma marca de sex shop doou milhares de vibradores para incentivar as mulheres a ficar em casa.